Wednesday, February 19, 2014

Fernando Pessoa





I don’t know how many souls I have.
I’ve changed at every moment.
I always feel like a stranger.
I’ve never seen or found myself.
From being so much, I have only soul.
A man who has soul has no calm.
A man who sees is just what he sees.
A man who feels is not who he is.


Attentive to what I am and see,
I become them and stop being I.
Each of my dreams and each desire
Belongs to whoever had it, not me.
I am my own landscape,
I watch myself journey -
Various, mobile, and alone.
Here where I am I can’t feel myself.


That’s why I read, as a stranger,
My being as if it were pages.
Not knowing what will come
And forgetting what has passed,
I note in the margin of my reading
What I thought I felt.
Rereading, I wonder: “Was that me?”
God knows, because he wrote it.


~*.*~


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.




Solar and lunar eclipse 2023

Eclipse solar / IgorZh - Shutterstock October brings two eclipses: an annular solar one on the 14th and a partial lunar one on the 28th. An...